terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Totalmente: verdade

A vida é melhor sendo vegan

Melhore-se, sofistique-se, sinta-se, sente-se e mude por favor. Os animais cujos olhos veem, cujos corações tremem, cuja alegria e afeto são tão efetivamente reais quanto os seus, agradecerão tantíssimo.

Que todos os sencientes sejam estimados em todos os dias do Ano Novo - para que seja novo

Mil perdões por tão alargada ausência. Cada palavra porém, deste blog, é tão intensamente sentida e pensada, que consegue retinir por muito tempo com a sua própria força, e com o alento de quem for ao encontro do que aqui se expõe e defende.
 
Queria desejar a todos um magnífico 2014: com saúde, paz, ética, amor, criatividade, felicidade e alegria.
 
E para tudo isso, é essencial que a nossa consciência se encontre plenamente em consonância com os valores que acreditamos serem justos e bons.
 
Parem de comer animais, de financiar a sua tristeza, as suas dores lancinantes, o seu medo permanente. Parem de se emprisionar no que a tradição, a preguiça mental e a fadiga sentimental faz crer ser correto. Matar seres sencientes nunca será, nunca será correto.
 
Feliz consciência nova, que é isso que verdadeiramente instaura um Tempo diferente.

sábado, 19 de outubro de 2013

Tudo o que precisamos de saber


 
" Acredito que a razão real pela qual matamos e comemos animais é simplesmente porque podemos, e isso simplesmente não é suficiente para mim. Só porque podemos não quer dizer que devamos."
 
Ninguém, pessoa alguma que se resolva a raciocinar calmamente sobre o assunto, e a sentir, pode continuar a comer animais, e a pagar para matar e explorar animais. É simplesmente impossível, e faça o leitor a prova consigo mesmo. Seja a sua prova dos nove, e que a validação se dê dentro de si.

domingo, 13 de outubro de 2013

As razões que o coração conhece

"Compaixão. Não violência. Pelas pessoas. Pelo planeta. Pelos animais."

Compaixão.

Com paixão.

Com pensamento.

Com coração.

Se a raiz da mudança for semeada dentro, nunca o seu fruto secará.

Seja vegan, saboreie a sua ética. Não há melhor paladar, e a consciência agradecerá a cada dia.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dia Mundial do Animal

Mensagem do Professor Paulo Borges no Facebook - está lá tudo o que é preciso saber:
 
"Mensagem no Dia Mundial do Animal

Comemora-se hoje o Dia Mundial do Animal. A data foi escolhida em 1931 numa convenção ecológica em Florença por ser hoje também o dia de S. Francisco de Assis, o santo padroeiro dos animais.

Os animais, mais do que nossos companheiros na existência, são o que nós somos, pois nós também somos animais. Matéria e consciência sensíveis e animadas, indivíduos com uma... vida mental e emocional, que têm interesses, gostos e preferências, que sentem o prazer e a dor e aspiram ao bem-estar, à preservação da vida e da integridade física, dos seus habitats naturais e da companhia dos seus semelhantes. Tal como nós, animais humanos. Os animais não-humanos desejam para si o mesmo que nós, animais humanos, desejamos para nós.
Não temos porém sido nada justos para com eles. Na relação com os animais não-humanos temos violado constante e brutalmente a regra de ouro da ética: não fazer ao outro o que não desejamos que nos façam a nós mesmos. Tal como temos feito a muitos dos nossos companheiros humanos, mas incomensuravelmente mais na relação com os animais. Temo-los escravizado, violentado e instrumentalizado, tratando-os como meras matérias-primas e coisas à nossa disposição para a satisfação, não tanto das nossas necessidades reais, mas dos nossos desejos e caprichos mais fúteis. Temo-los devorado, usado para vestuário e calçado, divertimento, experimentação pseudo-científica, trabalho extenuante e muitas vezes apenas para dar livre curso aos nossos instintos mais ferozes e cruéis.

Chegou a Hora de parar, reflectir e pôr tudo isto em causa. Chegou a Hora de reconhecer que os animais têm direitos morais intrínsecos, mesmo que não tenham noção disso e ainda não sejam legalmente reconhecidos, e que os humanos têm deveres directos a seu respeito. Chegou a Hora de estendermos aos nossos companheiros não-humanos a mesma solidariedade e exigência ética de acabar com todas as formas de escravatura, extermínio e holocausto.



Chegou a Hora da Libertação. Mas esta Libertação, para que seja plena, tem de ser de todos os animais, humanos e não-humanos. E assim, lutar pelo bem dos animais é lutar pelo bem de todos, é lutar por uma sociedade culta, justa, ética e não violenta, onde o bem comum de toda a população, humana e animal, seja visado na esfera jurídica, política e económica. E isto no respeito integral pelas leis da natureza e pela Terra, mãe comum de todos os viventes.

Chegou a Hora de fazer convergir e integrar as lutas e causas sectoriais, animal, humana e ambiental, na grande luta e causa da libertação e do bem de tudo e de todos. Chegou a Hora da consciência e do activismo integrais. Chegou a Hora do PAN."
 
 
(Bolds meus.)

Anima

A tua pele macia
Tão macia para enfrentar a aspereza do aguilhão
A tua língua-rosa doce,
As pernas sustentos do teu distraído sonho
Olhos cheios de fotografias muito doidas do derredor derreado
Do espectro vermelho do sovaco nefando do mundo
Eu não te queria
Sacrificado no teu coração
Amputado do teu além
Não queria
As dores horríveis nos teus rins,
Nos teus dentes,
Nas lentes da tua compreensão frugal
Mas dolorosa
Da vida
Queria apenas
Amor e paz
Paz e respeito
Respeito e lares muito verdes
Para ti e o teu eterno mistério
Animal

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Iguais

"Somos iguais e temos direitos iguais neste planeta."
 
A senciência irmana-nos. A capacidade de sofrer, de sentir alegria, prazer, afeto, saudade, lealdade, medo, terror, tristeza, torna-nos iguais aos olhos do coração, da misericórdia e da espontaneidade da ternura.
 
Não vale a pena complicar e tornar nebuloso o que é cristalino: todos temos direito à vida, e a uma vida digna, livre e respeitada. Se possível, amada.
 
Por isso se é vegan. Por se ver.
 


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entre amigos

Aqui fica  link que permite conversar entre vegetarianos e vegans, e mesmo curiosos. Vale a pena espreitar e trocar ideias.
 
Pelas melhores escolhas, aquelas que nos fazem e que nunca esquecemos nem esqueceremos. Pelo profundo respeito para com ouros seres vivos que sentem como nós. Pela ética.

domingo, 8 de setembro de 2013

Progressos modestos

Mas, ainda assim, progressos.
 
Nesta minha última deslocação laboral a Helsínquia, tenho de elogiar o cuidado dos meus colegas finlandeses. Até no coffee break havia uma bela sandes, e uma salada de frutas, em finlandês identificado como vegan: vegaani. Fiquei feliz, por tudo.
 
E não é que até a nossa boa TAP me trouxe também uma refeição sem queijo? Como havia mostras de uma manteiguinha, decidi não arriscar, mas... Hum, há progressos na perceção, há progressos na atenção à possibilidade de servir 100% vegetal.
 
Há que dizê-lo. E, leitorado atento, leiam bem: não tenho dúvidas de que iremos melhorar muito, muito e muito mais.

Eric Slywitch explica


One interview

Outra entrevista

E outra
 
O médico brasileiro especialista em nutrição, Eric Slywitch, tem uma forma muito direta e clara de explicar o vegetarianismo e suas implicações nutricionais práticas. A primeira entrevista está em inglês, e as outras duas em português.
 
Cruciais, e eficazmente a demonstrar como é fácil. Como é tão fácil. Como é facílimo, saudável, nutritivo e delicioso não comer animais.

A torpeza

Olá, sou um coelho e um senciente ao mesmo tempo. Não é mágico?
 
 
Noutro dia fazia um zapping pela TV, e não sei por que razão detive-me um pouco num daqueles programas de culinária. Às vezes gosto de ver o tratamento de vegetais, e retirar ideias. Entrementes, menciona-se uma coisa que me deixou com o cérebro em ponto de bomba atómica:
 
paté de coelho.
 
Sim. Paté de coelho. Ora pois, o coelho não é diferente do pato, e de tantos outros triturados e espremidos para fazer patés, purés, e outras coisas indizíveis com a carne alheia. Mas aquela expressão, "paté de coelho", trouxe-me uma estupefação dupla: como é possível este horror? Como é possível demorarmos tanto tempo a perceber que se trata, efetivamente, de um horror?

Tem a certeza?

Iguais
 
 
Os meses, as estações passam, a vida passa. E a pergunta fica, firme, fina, à espera de uma resposta que seja originária dos territórios da consciência sã, e não de uma existência-casca:
 
Tem a certeza de que faz o que está ao seu alcance para diminuir a violência sobre os animais? Todos os animais? Porque TODOS são sencientes, as suas dores com a mesma validade das nossas, a sua alegria tão pura e genuinamente manifesta quanto a nossa, os seus afetos tão verdadeiros quanto os nossos? Todos? Sejam cães, vacas, peixes, porcos, pássaros, galos, ursos, cavalos?
 
Tem a certeza de que sente o que está ao seu alcance sentir, para conseguir fazer o seu melhor?
 
Por todos?

sábado, 27 de julho de 2013

Para exercitar neurónios

"Se tourada é cultura, canibalismo é gastronomia". Esta frase aparece junto à fotografia de António Vitorino D'Almeida, e portanto talvez seja de sua autoria. Concordo, claro.
 
Acrescentaria, entretanto, que se comer animais é normal, assassinar seres sencientes é um hábito civilizacional respeitável.
 
Go vegan, taste your ethics. Seja vegan, saboreie a sua ética. Comece pelo paladar sentido desde os neurónios e passando pelo coração.

sábado, 20 de julho de 2013

A história de Jimmy

Licença para falar

E nem de propósito. O site da Evolve! traz-nos mais uma história. Uma história porcina, que se torna numa história suja. A lama que entra pelas retinas é onde todos os carnívoros lavam o seu apetite. Vá, leitor, não amue. A verdade pode parecer inconveniente mas é, felizmente, incontinente. Não se pode conter. Não se pode conter. Não se pode conter. A repetição é a mãe da retenção. Dê uma chance, ouça o Jimmy.

Gosto muito de animais...

... disse ela.

E saiu para almoçar porco.

domingo, 14 de julho de 2013

STOP tourada, evocação de tourada, homenagem a tourada... JÁ!

Profunda, abissalmente lamentável a SIC vir agora com aquele estúpido exercício de senilidade no Campo Pequeno. Para mim incendiava essa praça de horror, desrespeito e barbárie.
 
Não encontram mesmo nada mais interessante para escrever, conceber, produzir, mostrar às pessoas?
 
STOP tourada e toda a maldade relacionada. Os animais não são jogos, não são objetos, não são obrigados a levar com o nosso sadismo disfarçado de puerilidade. STOP. Já!

domingo, 23 de junho de 2013

Frustração

Frustrante, efetivamente frustrante, é ouvir de investigadores prestigiados o suficiente para serem chamados pela sua especialidade, dizerem-se vegetarianos, salvaguardando que podem comer peixe.
 
Mas quando é que as pessoas aprenderão que:
 
Se alguém se diz vegetariano apenas, devemos concluir que a sua dieta alimentar é composta apenas de vegetais.
 
No caso dos ovo-lacto vegetarianos, temos pessoas cuja dieta inclui ovos e leite, sendo vegetal no restante. (Podem ser só ovo-vegetarianos ou lacto-vegetarianos.)
 
Os vegans possuem uma dieta alimentar exclusivamente vegetariana, não consumindo, ou não consumindo dentro das suas máximas possibilidades, produtos animais de nenhuma espécie para além da alimentação (roupas, sapatos, decoração, etc.), e vetando também qualquer atividade que envolva a exploração animal.
 
Agora, em caso algum um vegetariano, ou ovo-lacto vegetariano, ou ovo-vegetariano, ou lacto-vegetariano... come peixes! Peixes também são animais minha gente, têm a sua própria carne. Lembrem-se da Phillipa, abaixo. Os peixes sofrem quando mortos, e não é pouco.
 
Ai!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A história de Phillipa

Hoje vem bem a propósito repescarmos (!) o maravilhoso site da Evolve! Campaigns. O horror da pesca e as suas tristíssimas consequências descritas por Phillipa, the fish.

Aqui.

Qual carapuça

Quais santos populares, quais sardinhas, qual carapuça pá!

As sardinhas nasceram para nadar, nadar sofregamente, nadar veloz e lentamente, nadar à sua boníssima vontade. Não foi certamente para ser asfixiadas até à morte, torradas e trincadas por quem ainda não deu o passo de sentir e pensar.

Lembrem-se:


o passo
 
 
                                          sentir  
 
pensar
 
 
Um passo. Para sairmos da penumbra do que nos tentam fazer passar por normal, do que nos tentam fazer passar por aceitável, do que nos tentam fazer passar por bom. Um passo para nunca mais voltarmos ao mesmo lugar, simplesmente porque nos tornámos conscientes e exigentes, e felizes num novo ponto de partida.
 
 
Pensem na canção inaugural deste blog, Borzeguim, hino vegan por mim declarado. "Deixa o peixe n'água que é uma festa"!
 
 
Deixem. Deixem.
 
Meditem:
 
o passo
 
 
                                          sentir  
 
pensar
 


domingo, 9 de junho de 2013

Ai, os vegans pensam que salvam o mundo

Não. Um vegan tenta salvar-se a si mesmo. À sua própria honradez, à sua ética, à sua moral. Sabe perfeitamente que o mundo é composto por uma infinitude de ações, reações e escolhas. E que evitar ao máximo causar sofrimento a seres que, como nós, são sencientes, é o mínimo que podemos fazer.
 
Não temos razão e sentimentos para enfeitar. O terreno desafiante da prática diz-nos como os aplicamos.

domingo, 2 de junho de 2013

Evolução

 
 
O site Evolve! Campaigns faz parte das publicações em destaque neste blog, e não é por acaso. O espírito, a qualidade e a diversidade de informação, atravessada por grandes corações, são os motivos de o considerar um marco importante na minha própria jornada que culminou no veganismo.
 
Basta dizer-vos que foi ao contatar a Evolve que fiquei a saber de alguns pontos/informações vegan do maior interesse em Lisboa! E estão sempre disponíveis a aconselhar e a ajudar-nos a procurar produtos e outras informações.
 
Uma das secções bestiais do site é a narração, na primeira pessoa, da violência perpetrada pela exploração animal. Assim, temos "depoimentos" de porcos, vacas, e outros. Hoje convidaria a que lessem a história da galinha Hetty.
 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Um ativista encantador

Esta hora e dez minutos vai voar. Não deixem de ver, e de partilhar.
 "The problem is that humans have victimized animals to such a degree that they are not even considered victims. They are not even considered at all. They are nothing. They don't count; they don't matter; they're commodities like TV sets and cell phones.

We have actually turned animals into inanimate objects - sandwiches and shoes."
 
"O problema é que os humanos vitimizaram os animais num tal grau que estes nem sequer são considerados vítimas. Não são considerados de forma alguma. São nada. Não contam; não importam; são comodidades como televisões e telemóveis.
Na verdade tornámos os animais em objetos inanimados - sandwiches e sapatos".
Gary Yourofsky
Gary Yourofsky é um denodado ativista vegan, e protagonista de um discurso que deveria ser visto por cada um dos habitantes deste pobre mundo. Pobre, mas tão cheio de soluções. E dos recursos sentimentais que quisermos. Questão de abrir a flor da clarividência e da piedade e do que, talvez, se chame bondade. A "extra-brilhante bondade da alma" de Ginsberg?
A frase que cito acima retirei-a do mural do Facebook da interessantíssima The Ethical Legion.
 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A consciência animal

Se pensarmos bem (e, ops, formos conscientes), não é bem bem uma novidade. Mas no ano passado, em Cambridge, uma notícia cientificamente fundamentada explodiu no mundo sancionada com um solene manifesto oficial por parte da comunidade científica: claro que os animais têm consciência, e como!

Deixo uma entrevista interessantíssima com o neurologista Philip Low, através do muito interessante blog Vegetarianismo e Ética.

Não estamos sozinhos na senciência, não estamos sozinhos na consciência.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Essa mesma coisa

Ser pela justiça. Defender os direitos de todas as minorias, desde que não esmaguem direitos alheios. Não pretender, sob pretexto algum, tomar para si o que não é seu. Ser contrário à covardia e ao abandono.
 
Desprezar as lavagens de mãos "à la Pilatos" que nos conspurcam os dias.
 
Isso e não comer animais. Não pagar para que os aniquilem e explorem e roubem descanso, dignidade e paz. Isso tudo acima, e isto aqui de baixo. É tudo a mesma coisa.
 
Leitor, aproxime-se: é tudo a mesma coisa. Perceba o quê e depois vire a cara, feche os olhos, tape os ouvidos, se conseguir ou ainda quiser.

domingo, 19 de maio de 2013

Ideal - Real

Há uns dias, por causa de uma observação que ouvi, fiquei nesta ponderação de mim para mim: o veganismo é um ideal?
 
Bom, sem dúvida, não deixa de sê-lo. Mas diria que é muito mais do que isso. Para mim, ser vegan é escolher um caminho porque qualquer alternativa não é alternativa, mas uma escolha errada, motivadora de sofrimento, desequilíbrio, injustiça. Ser vegan é pretender assumir a responsabilidade de ser racional, de conter ideais, sim, mas também de saber ouvir o grito de urgência, a inesquecível sirene da nossa consciência e dos nossos melhores sentimentos.
 
É uma urgência e uma clara, inequívoca e muito real aplicação não apenas do que se acredita, mas do que se sabe ser bom. Não se trata, portanto, apenas de ideia. Ultrapassa-se a ideia com a vivência da única opção correta a tomar.

sábado, 18 de maio de 2013

Os vegans não comem erva pá!

 
Maravilhosos bolinhos vegan de um café em Copenhaga, Simple Raw
(Foto de moi même)
 
Regressada de mais uma ausência laboral, venho aqui com fortes argumentos para mudar o mundo da gastronomia mundial. Ou, pelo menos, da gastronomia mundial... vegan.
 
Começo a atingir a fase da impaciência pública - e sei que não devo - e da ironia insolente - e sei que não devo -, perante jantares como beterraba (que amo) à entrada e à saída. Cenouras cruas e fatias de beterraba luzidia, ainda que brilhantemente temperadas - justiça se faça! - não são refeição para ninguém, e ninguém inclui vegans. A minha latina vontade é pedir para falar com os cozinheiros perguntar qualquer coisa como "Olha lá pá, achas que por eu não rachar os cascos da bovinada para lhes devorar as carnes tenho como única alternativa o teu crudivorismo mal orientado?! Cenouras e beterrabas pá? Não vos ocorre nada simples, proteico, nutritivo, como adicionar cogumelos (mesmo de lata), soja, seitan, tofu, grão-bico, feijão, sequer um destes elementos? Apre! Many thanks!" Mas claro que a pessoa não faz (ainda) nada disto, e lá fica semi-esfaimada graças à ignorância e incúria alheias.
 
O máximo do meu desabafar foi quando uma colega, responsável pelas lides da hospitalidade, me diz para ver se os (mínimos) pratinhos do meu tabuleiro seriam vegan, já que tinham escrito "vegetariano". Que eles (cozinheiros/empregados) é que tinham de saber, respondi, já um pouco enviezada.
 
Depois é a TAP que entende que vegetarianos e vegans é tudo a mesma tribo e pumba, uma bolona enorme de queijo no meu tabuleiro. Lá fiquei no pão e nas batatas fritas (batatas fritas que tinha levado).
 
Mundo, escutai: os vegans não comem erva! Pá. Têm uma diversidade arrebatadora de verduras, leguminosas, grãos diversos, frutos, bebidas, com possibilidades de confeção igualmente elásticas. E, imaginem... ta na na na... deliciosas! Esqueçam a lei do menor esforço. Be smart. Be kind. E, de preferência... percebam o enorme erro que estão a fazer ao não mudar a vossa escolha alimentar que mais não é do que uma escolha ética.

Bom apetite aos que no prato não têm cadáveres.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

As mães

Quem ouviu, não esquece. São vários dias no mesmo pesar que confrange qualquer espectador. É preciso não ter coração para não sentir. É preciso não ter coração para persistir em caminhos que suscitam sofrimento.
 
É um som doloroso, são olhos enormes saturados de desolação. Uma dor em carne viva teima em não desaparecer. E ficará, decerto, pela memória dos tempos.
 
Trata-se da vaca mãe que chora quando lhe retiram brutalmente os filhotes, que nunca mais verá.
 
Em nome de quê?
 
Bastam todas as espúrias, estúpidas e desnecessárias barbaridades. Injustificáveis bestialidades. Bloqueios ao melhor de nós, seres humanos, seres que sentem, seres que pensam, que têm saudades, memória, e que amam. Não apouquemos o nosso valor, nem as nossas possibilidades. Não. Mesmo.

Obrigada queridos seguidores

Hoje queria, em primeiro lugar, agradecer aos dois queridos seguidores da Consciência Vegan - muito bem-vindos, e muito obrigada!
 
Aqui nesta casinha, é tão importante um quanto um milhão. Abraço!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Outro prazer para além do bem fazer

 
Foto minha, prato meu:
Seitan e cuscuz. E pós vários de mágico sabor.
 
A maciez deliciosa do seitan. A porosidade do tofu, que se oferece todo aos temperos. A fabulosa leveza do leite de arroz. A flexibilidade da soja. O prazer do cacau. A saúde do leite de aveia (e de aveia com cacau?). Os sabores surpreendentes dos queijos vegetais. As empadas de lentilhas, que entram pelo céu da boca como um avião de sabor. A versatilidade do grão de bico, das ervilhas, do feijão; puros, em sopas, em purés. A azeitona em paté. As torradas com azeite. As batatas assadas com refogado de cogumelos. Tudo fresco, quentinho, a estalar, a derramar-se em deleite, a expandir o deleite das melhores degustações.
 
Ainda por cima, ser vegan sabe tão bem ao palato! Nunca gostei tanto de comer.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Desafio aos meus leitores não vegan

Se tivessem de explicar a razão de, na vossa opinião, a vida de um ser humano valer mais do que a de um animal - que pode ser uma vaca, por exemplo - quais seriam os argumentos utilizados? Três ou quatro bastarão. Se quiserem partilhar aqui, são mais que bem-vindos.
 
Não virem a cara para não ver a realidade, não fechem os portões ao pensamento, não se embotem sentimentalmente. Isso é sanidade.

"Gosto tanto de animais!"

" Adoro animais. Gosto de uns para estimação e de outros para comer."
(Trad. minha)
 
Afago gatinhos, e como perus. Passeio com o meu cão e financio a prisão impiedosa das galinhas, com luzes violentas em cima toda a vida, umas em cima das outras, esmagadas umas contra as outras, com patas partidas por manuseamentos displicentes, com patas em sangue por estarem sobre arames, mas amo o meu canário.
 
Amo o tigre e estraçalho a vaca no prato, vibro com o lince e asfixio, ou pago para que o façam, o peixe, que só quer a liberdade do maravilhoso mar para viver.
 
Faço isto tudo mas acho-me uma boa pessoa. Um bom ser humano. Também não tenho consciência, o que ajuda. 

domingo, 5 de maio de 2013

E que tal inovar no início da semana?

Já ouviram falar da segunda-feira sem carne? Ora clicai.

E não paro de ficar estupefacta com o facto de 70% do solo arável mundial servir para alimentar gado.

Parem, escutem, sintam.

Pensar está na moda.

sábado, 4 de maio de 2013

E o maluco sou eu?

A vaca come transgénicos. Vós comeis a vaca.
 
Vós comeis transgénicos com hiperabundância, e depois fazeis corridas pró-saudáveis dentre o monóxido de carbono destas ruas imundas.
 
O gás metano emitido pelos animais de pasto é mais responsável pelo efeito estufa que todos os transportes reunidos do mundo.
 
São precisos 15 mil litros de água para produzir 1kg de carne.
 
A massiva ocupação de solo para pastorícia, para além de resultar numa erosão sistemática e danosa dos solos, é uma oportunidade inestimável perdida para o desenvolvimento da agricultura e para matar a fome aos milhões que continuam a morrer de um flagelo inaceitável no séc. XXI.
 
Do ponto de vista humano, e portanto ético, e ambiental, o consumo de animais para satisfazer necessidades alimentares perfeitamente supridas pela diversidade e riqueza nutritiva do mundo vegetal é um crime.
 
E o maluco(a) sou eu?

sexta-feira, 3 de maio de 2013

As mais verosímeis entrevistas

Em prol de alguma reflexão, por vezes pelos ínvios mas amistosos caminhos do humor, aqui fica um recorte “jornalístico”  com interessantes diálogos sobre a nossa relação com as demais espécies. Digno do National Geographic.*
 
TZ – Obrigada por nos disponibilizar breves instantes. Gosta de animais?
O Esbaforido – Sim, pá claro…O meu cãozinho, aquilo é o máximo! Um amigo!
TZ – Qual é a sua opinião sobre o facto dos seres humanos se alimentarem à custa do sacrifício dos animais, aos milhões, aos biliões?
O Esbaforido – Eh pá…É assim…A gente alguma coisa tem de comer, e sempre assim se fez.
TZ – Mas há muitos médicos, nutricionistas, investigadores, estudiosos, que nos asseguram que não é necessário o consumo de produtos de origem animal para vivermos e para sermos saudáveis, para além do exemplo de tantos vegetarianos e vegans pelo mundo fora que respiram saúde e que até se livraram de muitos medicamentos com os seus hábitos alimentares! E a FAO já aprovou a dieta vegan.
O Esbaforido – Ãh?.. Pois isso não sei, só sei que alguma coisa a gente tem de meter para o saco senão pá…ah ah Está a ver. Tenho mesmo de ir agora ãh?, sorte!

 
TZ- Muito obrigada por nos conceder a sua atenção. Tem algum animal doméstico?
O Contemplativo – Não tenho. Mas aprecio.
TZ – Aprecia por gostar de animais, ou pela relação interessante que se estabelece entre estes e nós, seres humanos?
O Contemplativo – Por ambas as razões. Os animais são muito dedicados, engraçados, e ajudam-nos a sociabilizar. (Eu pessoalmente detesto a massa, se me permite o desabafo, e gosto de viver de forma independente, mas as virtudes dos animais são inegáveis).
TZ – E qual é a sua perspectiva sobre o morticínio massivo de animais para consumo humano? Como sabemos, há estudos diversos, e exemplos práticos que confirmam a não necessidade de carne, peixe, produtos animais e de origem animal para a nossa saúde.Há alimentos alternativos e até suplementos para a vitamina B12 – da qual carecemos em pequenas quantidades.
O Contemplativo – (pausa) Bom, há estudos que dizem tudo. E infelizmente, a morte é certa. Como diz o povo, lá teremos de morrer de alguma coisa. É muito triste, a morte, mas é um facto. Fatídico. (Sorriso lúgubre e muito delicado.)
TZ – Sendo a morte inevitável (mas “prognósticos só no final do jogo” eh eh ), o sofrimento pode ser evitável ao máximo. Será que estamos a dar o nosso melhor pelos nossos companheiros de Planeta não humanos?
O Contemplativo – Sem dúvida que não. (Pausa.) Não. Há muitos animais que são abandonados e até maltratados.
TZ - Mas mais ainda são mortos. Todos os dias. Para os comermos. E não precisamos. O que acha disso?
O Contemplativo – Na verdade acho que é uma tradição que nunca desaparecerá. São assim os tempos.
TZ – No entanto, o nosso olhar crítico sobre a forma de viver e sobre as pessoas que somos pode mudar as tradições. Ou não?
O Contemplativo – (pausa) Pode ser que sim. Pode ser que não. Quem sabe? (Sorriso bondoso.)
TZ – Cada um de nós sabe?
O Contemplativo – Pois. Pode ser. São assim os tempos.
TZ – E, por exemplo, da sua parte, o que pensa que pode ou deve fazer quanto a esta situação?
O Contemplativo – Sinceramente, nada. Eu observo os tempos e vou vivendo.

 
TZ – Obrigada por parar e dar-nos uns momentos preciosos do seu tempo. O que é que acha da vida das vaquinhas , encurtada a 80 ou 90% para que as comamos? Entre outros animais, naturalmente.
O Abespinhado – Eh pá, se é para dar dinheiro às Associações de Animais isso não que a coisa está muito má por estes lados…
TZ – Não, nada disso. É apenas uma entrevista, aliás, uma troca de ideias. Já alguma vez deu consigo a pensar na vida e na morte desses animais? Das vaquinhas, por exemplo?
O Abespinhado – Pois mas elas existem mesmo para isso. Eh eh. É chato, realmente, a gente devia poder comer do ar mas não dá. Eu nem gosto de vacas pá.
TZ – E de cães, gatos, passaritos?
O Abespinhado – Tive um canarito por 10 anos e depois morreu olha, nunca mais tive nenhum. Era um bom compincha. Mas ele é ele e eu sou eu. Eh eh.
TZ – Não acredita que se estabeleça uma relação afectiva entre pessoas e animais? Entreajuda, carinho, amizade, respeito?
O Abespinhado – Ná pá! Eles são eles e nós somos nós. Vaquinhas, canarinho, cavalos, éguas, burros!...Eles são eles e nós somos nós, é assim. Sempre foi e sempre será.
TZ – E…hum…tem de ser assim por que razão, para além de ser tradição?
O Abespinhado – Oh pá sei lá, não leve a mal você é meio chata…Olhe, não leve a mal, vem aí o eléctrico, vou!...

 
TZ – Obrigada por nos dar este bocadinho. A senhora tem animais?
A Amável – Obrigada. Tenho sim, três gatinhos.
TZ – E consome animais?
A Amável (acercando-se) – Como diz?
TZ – Consome animais, costuma comê-los?
A Amável (quase em persignação) – Não, credo! Aos meus gatinhos, nunca menina!
TZ – Não, referia-me a outros animais. Vacas, porcos, atuns, por exemplo.
A Amável (sorrindo de alívio) – Oh, sim! Mas isso é diferente, esses são para comer!
TZ – Por exemplo, os hindus não comem vacas, são sagradas para a sua religião. Já viu como são pacíficas nos campos, como nos olham curiosas, como são ligadas aos seus filhotes? Qual é a diferença entre uma vaca e um gato?
A Amável – Pois, eu percebo, os animais sofrem. Mas há uns para comer e outros não, não é? Nós precisamos de alimento e de nutrientes, não podemos evitar.
TZ – Mas qual é a diferença, no seu ponto de vista, entre uma vaca e um gato?
A Amável – Bem, a vaca é um bicho muito grande, que não se dá em casas, mas no campo. São bichos criados para abater, coitadinhos, mas é essa a verdade.
TZ – Mas a senhora considera que a vaca, por exemplo, tem uma capacidade inferior de sentir dor, prazer, medo, conforto ou alegria que um gato?
A Amável – Sei lá coitadinhas. A gente também as vê sempre lá longe a pastar quando andamos pelas aldeias, não se percebe bem se estão contentes ou tristes. Certamente sentirão dor, são criaturas de Deus.
TZ – Falando em Deus, é de opinião que Ele concordaria com a forma como tratamos os demais animais, seres vivos como nós?
A Amável – Mas se Ele os criou foi para isso mesmo, menina. Penso eu. Eu não gosto de maltratar nenhum. Eu não mato nenhum.
TZ – Mas no fundo paga para alguém o fazer, pois consome-os.
A Amável – Bom, eu não pago para o fazerem. Eu vou ao mercado e eles já estão lá.
TZ – Em sinceridade, a senhora não acredita que há meios alternativos, hoje em dia, mais do que suficientes? Tofu, seitan, soja, todas as leguminosas, cereais, tempeh, cogumelos, e tantas mais coisas, para além da carne e do peixe? Ou melhor, não acredita que poderíamos, com a variedade de que hoje dispomos, viver com saúde sem matar animais?
A Amável (pausa) – Olhe menina, é possível. Mas é assim olhe.

 
TZ – Muito obrigada por aceitar esta breve entrevista. Hoje é o Dia Mundial do Animal e gostava de perguntar-lhe se não a choca a forma como os tratamos: animais abandonados, animais maltratados e, em quantidades incontáveis, animais mortos para nosso alimento.
A Moderna – A mim não me choca. É a lei da vida, é a cadeia alimentar.
TZ – Mas não considera que nós podemos mudar as leis da vida até certo ponto, desde que queiramos? E por que é que é uma lei? Temos direitos sobre as vidas de outros seres?
A Moderna – De outros seres humanos não, mas dos animais sim. Eles são irracionais e basicamente existem, enquadram-se nos seus ecossistemas mas existem para consumo. Senão nem existiam. Ia dar ao mesmo.
TZ – Mas acha mesmo que é o mesmo não existir por nunca ter sido concebido ou existir, sofrer, ser separado dos filhos, dos pais, penar mil torturas e dores físicas, medo, extrema ansiedade, e finalmente morrer sem o direito a uma vida, à vida que seria a sua se não lha tirassem?
A Moderna – Não, essas visões estão ultrapassadas. O Homem já convive perfeitamente com a ideia de ser um omnívoro, e há métodos de abatimento não cruéis.
TZ – Mas há-os muito cruéis, fora toda a forma como são criados. Imagine uma galinha a viver permanentemente com a dor de ter as suas patinhas em fios de arame enquanto põe ovos, ou uma vaca a ser engravidada constantemente para ter leite, e a chorar dias a fio pelos seus filhos que foram levados para, por sua vez, viverem em cubículos irrespiráveis para não ganharem músculo e permitirem a degustação da carne tenra. Poderemos chamar humanista a um sistema semelhante?
A Moderna – Dores e males há em tudo na vida. Temos de lidar com a ideia da finitude, do sofrimento e da morte.
TZ – Mas há sofrimentos e mortes evitáveis, e vidas deploráveis. Não acredita na liberdade de cada ser para usufruir do seu direito à vida?
A Moderna – Acredito acima de tudo na liberdade. Mas a liberdade não assiste aos animais.
TZ – Mas é isso mesmo que gostaria que me clarificasse. Não lhes assiste a liberdade por serem, como diz, irracionais, por não serem humanos?
A Moderna – É isso.
TZ – O facto de sentirem dor, prazer, medo, alegria, conforto ou alívio, de estabelecerem as suas próprias relações sociais e familiares, e de contribuírem, em muitos casos, para uma relação de ternura com os seres humanos não acrescenta um outro ponto de vista a essa perspectiva?
A Moderna – Não.

 
TZ – Obrigada por parar. Este dia não está fácil…Hoje é o Dia Mundial do Animal e gostava de saber se não considera uma insanidade sem nome, uma tremenda de uma sacanice, desculpe os termos, o que se faz com os animais diariamente. Maus tratos, morticínio, morticínio, morticínio…
O Atento - Obrigado. Eu não tenho animais. Mas não consumo animais. Há 10 anos. Como ovos e lacticínios mas estou a pensar tornar-me vegan, e já ando a ler muito a esse respeito.
TZ – (olhar no vazio) – Mas não considera que os animais têm, como nós, o direito à sua dignidade existencial?
O Atento (admirado) – Naturalmente! Por isso não os consumo.
TZ – Mas não considera isso uma contradição do caraças? Respeita-os muito, tem muita pena e pumba, consome-os?
O Atento (em direcção à estupefacção) – Mas minha senhora, justamente. Não os consumo.
TZ – (colérica) – Consome, consome! Acabou de dizer que os consome, que dá dinheiro para lhes racharem as cabeças, os cascos, estraçalharem as guelras, violentarem as vacas com máquinas toda a sua vida!
O Atento (tomando as rédeas ao problema) – Calma. Por favor. Eu já percebi tudo. É a habituação, não passa de uma alucinação auditiva. Minha senhora, por favor, leia os meus lábios, confie em mim: Eu NÃO como animais. Eu NÃO como animais, compreende agora? Simplesmente não os como. Há 10 anos. NÃO como.
TZ (de olhos esbugalhados e sentindo-se empalidecer e subitamente renascer) – Oh! Oh, mas mil, milhões de perdões. Por favor desculpe-me. Foi, como diz…o hábito. Turva-nos, tolda-nos, enlouquece-nos. Hum…Portanto, não come animais, não é?
O Atento (a sorrir francamente) – Não, não como, esteja tranquila. Há 10 anos. E gosto muito. Vivo muito bem assim, está tudo bem com a minha saúde, não tenho qualquer tipo de saudades de contribuir para o seu sacrifício. Durante muito tempo nem pensava nisso, mas depois de ter pensado…Não pude deixar de continuar a pensar. É viciante. (Sorriso caloroso.)
TZ – Oh…Muito obrigada. Não, não é? (Acrescento muito, muito tímido.)
O Atento (continuando a sorrir tranquilamente) – Não. Não como animais. Há 10 anos. Não. Mesmo.
 
Fosse esta a proporção! Um em seis. Durante muito tempo pouco diferente fui dos outros cinco.
 
Ah e... pensem um pouco em tudo isto. Pensar é viciante, e sentir ainda mais.
 
*Post publicado com ligeiríssimas alterações anteriormente, no meu blog Alegoria da Primaverve. TZ (Tamborim Zim, ou seja, esta que vos digita.)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Da senciência

 
"Podemos não ser todos iguais, mas o nosso desejo de viver não é diferente."
One Voice for Animal Rights
 
Pois é, ainda que possamos passar grande parte da vida sem essa perfeita consciência, os animais têm, tanto quanto os humanos, a faculdade da senciência. Sentem dor, prazer, agonia, alegria, saudades, ansiedade, stress, conforto, medo.
 
Não julgue o leitor que a sua dor de cabeça detém a caraterística única de ser uma senhora humana dor de cabeça. As dores são iguais, dependendo da sua natureza e intensidade, em humanos e animais, em pessoas e vacas, em crianças e gatinhos, em idosos e coelhos. O mesmo para o sentimento de abandono, perda, agressão. E para a deliciosa alegria de estar em boa companhia!
 
E o mesmíssimo para a fundante vontade de viver. Um desejo partilhado, de que espécie alguma pode ser senhora absoluta.
 
Perante isto, como pode defender-se que qualquer atentado à integridade física e psicológica de um animal (seja qual for o animal), não é fazer-lhe mal?
 
E, se concluímos que de mal se trata, como é ainda possível a nós, seres ímpares, sim, mas na capacidade de associar e fazer complexamente interagir razão e sentimento, tradição atávica e ética, aceitarmos passivamente o mal e ser seus coautores?
 
Desafio a que cada um se faça esta pergunta. E que, indo mais longe, a responda. Pelo meio, pensem: "empatia". Garanto-vos não menos do que um périplo fascinante pela vossa interioridade.

The "S" word

Senciência .  Sentience . Sintiencia . Senzienza . Sezgi . 感覚性 . Waarnemingsvermogen . Kesanggupan merasa . Føleevne . Waarneming vermoë .

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vegan Conscience and Black Consciousness

Quando pensei no nome para este blog veio-me à ideia a Black Consciousness, o movimento de jovens cultos, ativistas e apaixonados que se levantaram contra o Apartheid na África do Sul nos anos sessenta do século passado. Preferi, no entanto, a palavra conscience a consciousness, por significar mais exatamente uma dimensão moral.
 
A relação de ideias é facilmente explicável, a começar no enorme paradoxo de onde a Black Consciousness partiu: uma necessidade de estruturação concetual, intelectual, de grande disseminação, de um princípio mais translúcido que a mais fina água. Todas as pessoas, independentemente da sua cor, devem ser alvo de igual tratamento, sendo possuidoras da mesma dignidade e, portanto, da mesma dimensão humana. Vulgo: os pretos não são animais nem almas espúrias, não têm de entrar por portas diferentes, merecem as mesmas oportunidades e o respeito fundamental atribuído a todos os homens. Óbvio que dói. Mas por isto lutou e sofreu Mandela, lutou e morreu Biko, e tantos outros.
 
A consciência vegan formula-se no mesmo espectro de perplexidade, por um lado, e necessidade de clarificar, por outro. Os animais não são coisas. Não são comida. As suas secreções não são bebida. Os animais não são para amontoar, prender, amassar, esmagar vivos, arrancar dentes a sangue frio, matar com um tiro sumário na cabeça para se lhes consumir a carne, fazer chorar dias a fio ao separá-los dos filhotes, encurtar-lhes 60, 80, 90% da vida para um usufruto sem qualquer utilidade válida. Os animais são seres vivos, têm sistema nervoso central - ao contrário dos vegetais, para as alminhas a quem confunda o arrepio do trigo - , e são donos de uma coisa tão importante, tão complexa, tão ingente, que por agora ficamos só com o seu nome:

 
senciência.

Ser vegan = não roubar

O primeiro post da Consciência Vegan foi uma declaração solene: Borzeguim passa, neste nosso mini-Universo recém-nascido, a Hino Vegan. (A ironia do título não lhe retira a imponente bandeira!) Esta jobiniana é, para mim, uma das mais belas canções compostas e cantadas na História. Mas não seria, em si mesmo, por isso. É que as tantas linhas da sua magnífica letra sintetizam com precisa excelência uma ideia fundamental do Veganismo: deixar ser livre. Deixar o outro viver. Seja o outro um ser humano, como um índio, ou um peixe. Um peixe a nadar, imaginem, exatamente onde está, quer e precisa de estar. O ser, a vontade, a necessidade nos seus devidos lugares.
 
Ontem, hoje, aqui, além, ser vegan é respeitar as consequências últimas da nossa humanidade e ser movido a exercer o poder de escolher não fazer parte, ou escolher não fazer parte no máximo das nossas possibilidades, de um circuito irracional, persistente e absolutamente desnecessário de exploração animal. Não precisamos. Para nada. Não precisamos de continuar a fazer o que não é um nosso direito fazer.
 
Lamento não me recordar da autoria de uma frase que, juntamente com vários outros raciocínios e pensamentos, foi absolutamente preciosa na minha radical (de raiz mas, se quiserem também, de total convicção) alteração de dieta, hábitos de consumo e, mais alargadamente, de ética; era algo como "Ser vegan não se trata de desistir de alguma coisa, mas sim de não a tomar." Não a tomar de outro(s), naturalmente.
 
Em boa verdade, ser vegan trata-se de não roubar. Não se zanguem. Nunca aqui encontrarão apedrejamentos. Teria de fazê-lo a mim mesma primeiro já que, por 35 anos, jamais me questionei sobre o meu não vegetarianismo, o meu não veganismo. Da mesma maneira, todavia, também aqui não há maciez sedutora, compreensão indulgente,  relativismo abandalhado. Aqui, meus queridos leitores, há factos, verdades e rotas de uma escolha. De uma escolha de quem soube, a partir do momento em que começou a refletir profundamente (mesmo enquanto talvez ainda o não soubesse), e a sentir, não existir alternativa para a sua consciência.
 
E, quando não há alternativa, a escolha está feita.



Omni-bem-vindos!

Mesmo que sejam, ou ainda sejam, omnívoros.
 
Tudo isto se explica mui facilmente, até porque este será, tendencialmente, um blog sintético. Não diria propriamente curto e grosso, mas é um pouco nessa senda.
 
Há cerca de dois anos tornei-me vegetariana. Até então, e  perante opíparas refeições carnívoras, era costume lamentar sinceramente a sorte dos vegetarianos, por se limitarem no maravilhoso mundo dos sabores.
 
Há cerca de um ano e meio tornei-me vegan. Reparem, vegan. Lê-se vigan. Não me tornei imaterial, angélica, perfeita, a luzir néons pelas avenidas lisboetas. Não tenho essa pretensão, nem tampouco essa ilusão. Deixei de comer e adquirir produtos de origem animal. É muito diferente de ser perfeito, mas é indubitavelmente um passo em frente na trilha da perfetibilidade. Que, como sabemos, não é perfeição - é importante reter esta ideia.
 
Vegan. Lê-se vigan. Também dito vegano. "A repetição é a mãe da retenção."
 
Mas o coração, leitores, é o pai das verdadeiras transformações.
 
Sejam bem-vindos à Consciência Vegan. Tirem um bocadinho, fiquem à vontade.

Por mim declarado: o Hino Vegan

Tom Jobim e Banda Nova - Borzeguim (Tom Jobim)
 
Borzeguim
 
Borzeguim, deixa as fraldas ao vento
E vem dançar
E vem dançar
Hoje é sexta-feira de manhã
Hoje é sexta-feira
Deixa o mato crescer em paz
Deixa o mato crescer
Deixa o mato
Não quero fogo, quero água
(deixa o mato crescer em paz)
Não quero fogo, quero água
(deixa o mato crescer)
Hoje é sexta-feira da paixão sexta-feira santa
Todo dia é dia de perdão
Todo dia é dia santo
Todo santo dia
Ah, e vem João e vem Maria
Todo dia é dia de folia
Ah, e vem João e vem Maria
Todo dia é dia
O chão no chão
O pé na pedra
O pé no céu
Deixa o tatu-bola no lugar
Deixa a capivara atravessar
Deixa a anta cruzar o ribeirão
Deixa o índio vivo no sertão
Deixa o índio vivo nu
Deixa o índio vivo
Deixa o índio
Deixa, deixa
Escuta o mato crescendo em paz
Escuta o mato crescendo
Escuta o mato
Escuta
Escuta o vento cantando no arvoredo
Passarim passarão no passaredo
Deixa a índia criar seu curumim
Vá embora daqui coisa ruim
Some logo
Vá embora
Em nome de Deus é fruta do mato
Borzeguim deixa as fraldas ao vento
E vem dançar
E vem dançar
O jacú já tá velho na fruteira
O lagarto teiú tá na soleira
Uirassu foi rever a cordilheira
Gavião grande é bicho sem fronteira
Cutucurim
Gavião-zão
Gavião-ão
Caapora do mato é capitão
Ele é dono da mata e do sertão
Caapora do mato é guardião
É vigia da mata e do sertão
(Yauaretê, Jaguaretê)
Deixa a onça viva na floresta
Deixa o peixe n'água que é uma festa

Deixa o índio vivo
Deixa o índio
Deixa
Deixa
Dizem que o sertão vai virar mar
Diz que o mar vai virar sertão
Deixa o índio
Dizem que o mar vai virar sertão
Diz que o sertão vai virar mar
Deixa o índio
Deixa
Deixa
 
 
*Entenda-se por borzeguim o caçador.